6.3.09


A flor da chuva



… E a flor da chuva no capim
Tem mais perfume

Abertas bem abertas estão as mãos
Para abraçar esta manhã sem nuvens

Ontem (não importa já o pôr-do-sol nas buganvílias)
Ontem (murchas estão agora as flores
Das coisas que eram coisas nada mais)
Ontem havia medo até no caminhar das rolas sobre a areia.


A poesia de hoje é a voz do povo
Todo o mundo o mundo até de algum silêncio persistente
Quer romper e rompe a mancha que da noite inda nos fala.
Ó admirável sangue a pulsar em cada estrela
O sol é negro e ilumina
A imensidão deste perfume
Que nos traz a flor da chuva

O sol é negro e brilha dos vulcões
De cada peito independente.
Madrugada de fevereiro
Sou angolano!

Costa Andrade (poeta angolano)