6.3.09

dói-me estar na angústia desta gente que me povoa



dói-me estar na angústia desta gente que me povoa
e ter que quedar à terra os olhos
para que cada instante passe e pareça
o terminus ciclónico de uma avalanche de eternamentes
esse cada agora réstia no fundo salutar mói-me
questiono aos deuses os porquês da mesma hora

de cada minuto da eternidade de cada mísero segundo
tacteia-me a brisa dos séculos e quero ser brisa
sem tacto e despido de tempo e de origem
as manhãs seriam os oceanos plenos pela tarde
alcançaria os pólos nulos e ao anoitecer polvilharia
o sono dos meninos de sonhos numa aguarela em tons lilás

para os mais adultos a mesma paz embalada numa canção
de treva sem sexo por entre as estrias da insónia
ao mínimo sinal da alvorada azul marinha navegaria
avassalando a um certo hábito de desatenção aguardando
o óbito meu teu eu sóbria brisa ao sabor do tempo nosso
tu tempestade na algibeira de cada eterno segundo meu


Guita Jr.
Moçambique