26.11.07


No silêncio

No silêncio
Do meu desânimo triste,
Fui quebrando
As últimas ilusões...

Da vida não quero nada.

O que é que a gente constrói
Dando amor ou amizade?

Tranquiliza-te, sei bem:
Eras o único afecto
- Um frágil fio de cambraia
Envolvendo
A mais sólida ilusão -
Que se esvaiu como as outras...

Da vida não quero nada.

De tudo me hei-de esquecer...

E se aperto com dandismo
O nó da minha gravata,
É inda um defeito inútil
- Dos poucos que hei-de manter.


António Botto