No silêncio
Do meu desânimo triste,
Fui quebrando
As últimas ilusões...
Da vida não quero nada.
O que é que a gente constrói
Dando amor ou amizade?
Tranquiliza-te, sei bem:
Eras o único afecto
- Um frágil fio de cambraia
Envolvendo
A mais sólida ilusão -
Que se esvaiu como as outras...
Da vida não quero nada.
De tudo me hei-de esquecer...
E se aperto com dandismo
O nó da minha gravata,
É inda um defeito inútil
- Dos poucos que hei-de manter.
António Botto