Parada do Lucas
- O trem não parou.
Ah, se o trem parasse
Minha alma incendida
Pediria à Noite
Dois seios intactos.
Parada do Lucas
- O trem não parou.
Ah, se o trem parasse
Eu iria aos mangues
Dormir na escureza
Das águas defuntas.
Parada do Lucas
- O trem não parou.
Nada aconteceu
Senão a lembrança
Do crime espantoso
Que o tempo engoliu.
Manuel Bandeira (poeta brasileiro)