6.8.10

O Douro



É a vida do Douro que canta...

São retalhos trabalhados
Pela mão de Deus que eu quiser
No corpo soado em cada homem,
Na alma libertada de cada mulher...
São os verdes e os castanhos,
Cepas erguidas do chão.
São brancas ou ôcre,
Casas da doce criação
Abrigos d'amor e de esperança,
Telhados caiados de emoção.

É a vida do Douro do canta...
Entrelaçados na dor,
Das cinzas mortas na dor,
São bordados...
De uma manta,
A cobrir corpos de Xisto
De erotismo desnudado
Deitada sobre o altar prateado,
A exalar-nos a calma,
A respirar-nos os sonho,
A consumirmos a alma...

É a vida do Douro que canta

É o meu corpo que se levanta,
É o meu coração que implora
É a alegria do meu peito que chora
Adormecido na terra santa
É vida do Douro que canta...


José Braga Amaral