Uma incisão,
um golpe – tatuagem ou cicatriz, depois –
na casca do tronco: e a seiva
escorre,
em toda a sua espessura branca,
de leite – para o onde
a recolhem as crianças.
Que a levam
ao lume vagaroso das fogueiras,
até ferver.
Levantando fervura,
a seiva das mulembas é como:
o fúnji de bombó: vai-se mexendo,
batendo, mexendo – sem deixar
granular – até ser
essa massa compacta e maleável,
a que se chama visgo.
*
Com o visgo se apanham, vivos, os pássaros:
nos ramos mais gulosos de frutos – à sombra,
e seiva, das suas árvores – quando poisam.
Zeto Cunha Gonçalves
Angola
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