Pátria Mãe!
Tu me viste no ventre
Tu me viste nascer
Crescer me viste
Ressurgir eu te vi
Ressurgir das entranhas coloniais.
Os teus filhos se revoltaram
Irrequietos, se levantaram
Levantaram-se firmes
Firmes numa certeza
Firmes na esperança de vencer.
Pátria Mãe, na árdua caminhada,
A vitória era único destino
A vitória era a Liberdade
A Liberdade é hoje.
Pátria Mãe, tu vives na Memória Nacional
Tu vives na Memória dos Mortos
Que te honraram com suas vidas
E por tua causa foram.
Foram e nunca mais voltarão
Nunca mais ouviremos suas vozes
Nunca mais ouviremos o eco de suas vozes
O eco de suas gargalhadas
Gargalhadas nos labirintos afins.
Nunca mais sentiremos bater o seu coração
Bater de esperança e coragem
Bater de alegria e do dever cumprido
Nunca mais lhes diremos, Camaradas!
Nunca mais contaremos o passado
O passado nos confins de Cubucaré
O passado no coração de Morés
O passado nas masmorras de Tite e afins
O passado nas submarinas da marinha
O passado nas ilhas das galinhas
O passado de reencontro da tua dignidade.
Nunca mais ouviremos a cadência de seus pés
Cadência de seus pés nas colinas de Boé
Nas lalas e matas de Nhacra
Nas matas e lalas de Guilege e Guidage
Nas matas históricas do chão de manjaco
Nunca mais mataremos saudades.
Mas um dever nos deixaram,
De vivificar a tua história heróica
De preservar as tuas conquistas
De defender a tua integridade moral e física
De construir a nação que Amílcar sonhou edificar
De preservar perenemente a tua dignidade.
E assim honrar o sacrifício superior - a morte
A morte dos teus melhores filhos
Que devemos honrar com a acção da cidadania
Honrar a Pátria que Cabral se entregou de corpo e alma
E assim, honrar perenemente a ti, oh Pátria Mãe!
José Bacar (poeta guineense)