24.6.07


Que importa?...


Eu era a desdenhosa, a indif''rente.
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violências de paixão
Como bate no peito à outra gente.


Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de Desejo ou de emoção,
Enquanto a asa loira da ilusão
Dentro em mim se desdobra a um sol nascente.


Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte
Toda ela é riso, e é frescura, e graça!


Nela refresca a boca um só instante...
Que importa?... Se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes... quando passa?...


Florbela Espanca