21.2.09

Amanhecer na Katumbela



Kukiou o dia
no canto de um passarinho do muxitu
Ouvi
e sem depressa
como quem sonha inda

vi
no Katumbela rio-sacarino
minha mangonha
canoa nas águas lentas
A sensação
de nenhum tempo
Estar

E olhei a planície o vale
lugar onde o canavial é dono
é posse
o seu silêncio
coisas homens
numa canção de abandono

E não ouvi demais
que o canto da madrugada
tinha a voz do murmúrio de kaxexe

Apenas e
lentamente
renascia em mim um novo sono

Então com de repente
despertei


Arnaldo Santos (poeta angolano)