6.1.09

Diamor



É de cravo. Toque de pétala em minha boca
a tua língua redonda. Talo cálido
macio de ponta subtil de tamanho.
Olhos para cima ardendo incessante de cabelos
girassóis gémeos maduros no corpo do meio.
Punhal de luz de permeio
e no cabo da lâmina a pérola do umbigo.
Algas escorrendo ausência de Tejo nos dedos.
Cabo do mundo dos meus fascínios
dos meus delírios bem fundo que digo?
E o lugar dos joelhos hangares paralelos
insuspeitos de viagens rotuladas.
Ó gulas que as zonas do apetite jogam os dados
com prazer e êxtases estudados.

Outrora disseste rei terei
ó se minha arte tal fosse
porque leal e amor sou
homoalma inscrever-te no cosmos.
Minha mulher. O teu sexo de colher.
De sabor torrencialmente minha.

Beber-te moderno sumo do fruto.
Abundante por espasmos
de enormes segredos menstruados.
Sorver a plenos pulmões teu hálito mais secreto.
Esvair-me de concreto.
Ajoelho-me semeador ante a ternura
do cálice por ti aberto.
Desfoca ao longe a bebida
de já não vê-la de tão perto...
E o talhe de teus rins muito de Florença.

Pés de mármore de si rotativos a Sirius.
Ventre que em movimento flutua.
Fartura de lua.
Nádegas porcelares, carnagens lótus.
Aprumo de haste bambu ao Sol e a Marte.
Sexo de mim cação em teu sexo tubarão...
e o teu clito perdoa que não aparece!

Ó dor! Eis-te amor. Meu amor.
Nem Vénus. Nem de Cnido nem de Milo.
Muito branca muito morena e quente.
Muito querida e nua viva de frente.

É nesta indecisão de folhas caindo caindo
decisão de altas artes plantas plantas
a boca me ardendo nas tuas mamas tantas
soltando-se em alces fugindo fugindo.

As horas sendo em nossos cabelos.
Uma a uma. Um a um. Do tempo a Tagus.
Meus olhos égides tristezas minhas
que as não desejo aos relâmpagos.

Aqui a solução é não sabermos nadar
me chamas irmã dos espaços morenos.
Entre ondas de carne e unhas seremos
medo cisma orgasmo de podermos voar.


Dórdio Leal Guimarães