4.1.09

Concerto para a ilha




A todas as horas
há segredos perdidos nas notas de Liszt.

Aos pés da ilha
os degraus de giesta estão em silêncio
e as palavras
tombam pequenas… tão pequenas… fugindo.

Na praça vai haver concerto.
Acabaram de chegar Deus e alguns santos.
(Há confusão:
Quebraram-se cordas de um piano).
As palavras
esbarram no infinito feitas loucas.
A música queima.
Perdem-se sons irrecuperáveis.
Toda a multidão esquece o mistério do olhar,
e Liszt,
com a última partitura
ensaia um coro de anjos.

Na campa
anti-nuclear não há descanso.


Ivo Machado