E o espaço fica - ah fica - e ninguém ousa
mais que espreitar a medo para dentro dele
pelas grades de um verso em que palpita a vida,
tão pura e tão ausente como quando um dia
primeiro ela vibrou num cheiro de maresia,
ascendendo das águas, luminosa,
num corpo ainda escamoso cuja pele
seria este sabor de espaço e de ternura
em solidão perfeita descobrindo o amor.
Jorge de Sena