16.6.11

Bósforo



Um dia minha âncora erguer-se-á dum porto qualquer,
e nesse instante o horizonte entrará num frenesim.
Os mármores diluir-se-ão sob as águas indefinidas
como na travessia entre Eminönü e Üsküdar, a luz
se dilui
no espelho do alvorecer dos minaretes de Istambul

Corrido o mar chega o silêncio. A distância amarra,
e mergulho num sotaque de transterrado.
Aos vapores na correria entre dois mundos
entrego o lirismo da minha língua — este sabor
a enxofre dos caranguejos das ilhas,
para que ela se dilua na água de cobre do entardecer.


Ivo Machado