19.6.08

Ternura



Desvio dos teus ombros o lençol

que é feito de ternura amarrotada,

da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!

há restos de ternura pelo meio,

como vultos perdidos na cidade

em que uma tempestade sobreveio...


Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...


Mas ninguém sonha a pressa com que nós

a despimos assim que estamos sós!

David Mourão Ferreira