VII
Senhor que estás no céu, que vês na terra
Meu frágil coração desfeito em pranto,
Pelas ânsias mortais, o ardor, o encanto
Com que lhe move Amor terrível guerra.
Já que poder imenso em ti se encerra,
Já que aos ingênuos ais atendes tanto,
Socorre-me, entre os Santos Sacrossanto,
Criminosas paixões de mim desterra.
Fugir aos laços de um gentil semblante
Não posso eu só: da tua mão preciso
Com que prostrou Davi o atroz gigante:
Fira-me a contrição, torne-me o siso,
Acode-me, Senhor, põe-me diante
Morte, juízo, inferno e paraíso.
Bocage