Cálix de amargura

                                          
  E a vida não responde!
                                            Faz que não ouve, e vai direita aonde
                                            Eu não tenho palavras.
                                            Aí, então, às lágrimas que choro
                                            Põe-lhes sal de silêncio
                                            E dá-mas a beber, tão brancas e caladas,
                                            Tão quentes da fogueira das paixões,
                                            Que não parecem minhas:
                                            Mas vinho que se colhe em certas vinhas
                                            À beira dos vulcões.
Miguel Torga