9.1.11

Epitáfio decreto



(registo de esquecimento)

Esquece o nosso primeiro beijo
Concentra-te só no último
Aquele que não chegámos a dar.
Turno último, sem esperança
Ou promessa, só lembrança de algo mais
(que) solidão para dois.

Arrasta para fora da memória
A primeira palavra que
Te falei ao coração (e)
Recorda apenas o peso da última;
Nuvem negrume imposta à nossa vontade
Letra distraída, escrita à pressa
Na carne do (nosso) último momento,
Sem sentido, ou premissa, só lembrança de algo mais
(que) mentira para dois.

Gravado na pedra do tempo e do desespero:

O nosso amor é eterno.
O nosso amor é eterno.
O nosso amor é eterno.
O nosso amor é eterno.
O nosso amor é eterno.


Fernando Ribeiro