do que eu gosto mesmo é de correr na areia
sentindo-a roçar sob os meus pés
em tardes quentes loucas escaldantes
depois entrar pelo mar dentro qual sereia
que sabe dos segredos dos mortais
entrar...mas já não sair mais...
do que eu gosto mesmo é de sentir na pele
os salpicos provocantes das marés
e ter a sensação que o horizonte
é um todo homogéneo e uniforme
aonde o meu ser se delicia em tempestuosas
carícias de paixões incestuosas
do que eu gosto mesmo é de sentir no rosto
o vento quente do Sarah distante
que faz gemer as doces palmeiras
na rota insegura do meu peito ardente
e ficar assim feliz estendida
nas longínquas praias à espera da vida
do que eu gosto mesmo é de estar aqui
com chuva e calor com cheiro a cacau
escutando sempre o apito no cais
das vozes que amam o mar e a terra
breves mensagens de sonhos remotos
de barcos distantes perdidos ignotos
do que eu gosto mesmo é de saber que um dia
regressarei ao meu mar ausente
e irei saltar correr aqui e além
nas rochas quentes puras semi-nuas
saboreando o teu corpo amigo
de África-Mãe meu porto de abrigo
Maria Olinda Beja
São Tomé e Príncipe