13.1.11

Tempo de apagar pegadas



O tempo das pegadas
enevoa-se na humidade do vazio
os sabores confundem-se sem substância
e os cheiros
esses últimos redutos da infância
já não atravessam paredes nem distâncias

nem uma marca de luz na vidraça
nenhum olhar

no lugar dos olhos só uma sombra
repousa

imagem
de ser tempo de apagar pegadas
e de caminhar sobre as águas

uma imagem desfocada
cada vez mais nítida
de um não tempo que resiste

até um dia quando deixar eu de resistir-lhe


Ana Viana