O tempo das pegadas
enevoa-se na humidade do vazio
os sabores confundem-se sem substância
e os cheiros
esses últimos redutos da infância
já não atravessam paredes nem distâncias
nem uma marca de luz na vidraça
nenhum olhar
no lugar dos olhos só uma sombra
repousa
imagem
de ser tempo de apagar pegadas
e de caminhar sobre as águas
uma imagem desfocada
cada vez mais nítida
de um não tempo que resiste
até um dia quando deixar eu de resistir-lhe
Ana Viana