15.2.11

Eu cantarei de amor tão docemente



Eu cantarei de amor tão docemente
que, ainda extinta a voz, dela perdure
o veio breve donde transpirou
outrora o canto aceso e seus silêncios.
Serão então do exílio as horas frouxas
derramadas qual ácido no rosto
do amante. Mas nada foi em vão.
Que os lábios tremerão de puro amor
e a pele - como a serpente à melodia
rende sua homenagem, cativada -
contra o dia se indisciplinará,
erguida sobre si, ao arrepio
de leis acumuladas contra nós,
seus ecos contrapondo ao vento frio.

A. M. Pires Cabral