anda subtilmente no ar
uma canção qualquer…
vem do escuro, do vago, da noite..
porque lá fora é noite
e a história da noite,
da vida, do mundo,
freme na voz dessa canção.
e eu quero ser voz e ser acção!
na minha frente o papel branco
espera, espera, espera…
por tudo quanto eu tenho p’ra dizer-lhe,
e que o pode tornar numa canção de gesta
do mundo que há-de vir,
num ai de amor,
numa blandícia, num suspiro,
numa bandeira ao vento
a rasgar o vento
com o traço de uma ideia…
mas lá do escuro da noite
vem uma canção…
em que parte da alma é que dói,
quando se é novo e triste e se está só,
e há uma voz que resvala
por remotos caminhos, p’ra nos dizer
aquilo que a nossa boca sem fala
calou?
e a inspiração morreu…
papel, caneta e tinta
fogem-me na sombra.
a canção é a vida,
a canção é o mundo,
a canção é o amor.
Anda subtilmente no ar
Uma canção qualquer…
A canção sou eu!
Lília da Fonseca
Angola
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