Toco os teus campos de neve
e entrego-me aos fantasmas da minha infância
Religiosamente bebo a gota esquecida na palma
da minha mão.
Brisas subtis deixam em arcos tensos
as pétalas que me enfeitam.
E estupidamente me trazem ruas empedradas
veias do meu mundo
onde a bússola e o desejo se confundem
confundindo o destino de nós.
Na ternura das vozes que me envolvem
há um convite ao poema que não consigo.
E as tuas montanhas sacodem
lembranças de outras cavernas
gemendo a noitinha estórias
de aves fugindo e picaretas cantando,
murmúrios de piratinhas,
sussurros de prazeres dolorosamente cambiados em
mercado negro.
Pouco a pouco lês no meu olhar ausente
a existência de outra ilha
E sentes a minha fé
e o braço se afrouxa
perante o adeus que adivinhas
no silêncio do meu corpo.
Dina Salústio
Cabo Verde
Cabo Verde