A noite despida entoa
negros cantos pelos cantos
do Muceque negro à toa
florido de desencantos...
Morrem de amor minhas mãos.
Tarde, que tarde estamos!
Nem vale a pena sonhar
que a gente já sonhou o tudo...
Resta apenas a brilhar
um eco triste de entrudo.
Mascarados — meus irmãos.
Olhai a lua que assoma
por cima dos cajueiros...
Vem fazendo negras tranças
dos meus longos desenganos...
E os meus vinte paus de prata
naquela mão de mendigo
são como o brilho da Lua
nas palavras que não digo.
A. Neves e Sousa
Angola
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