Quando ao adormecer
partimos à procura
da face dos antigos
amores que sufocados
renascem provisórios,
como se vai à pesca
levando numa caixa a isca torturada
ou na boca a faca se transporta
antes de mergulhar à procura das ostras,
entre as pálpebras sustemos,
sem sombra de recuo
a fé de destrinçar por entre moribundos
os limos dos desejos, a folga da tensão,
as faces dos amados.
É sempre em quartos baixos
de vidros sobre as portas
ao fundo de corredores
que se inclina a face por entre os nossos braços
e quando os nomes saltam da boca em alvoroço,
os ternos nomes libertos dos esquifes
os lázaros no fim sempre ressuscitados
a cabeça ao fazer o gesto do encontro
acorda o corpo vivo que se sente enganado
e vai para a cozinha remoendo ameaças
deitar da cafeteira o jorro reluzente.
Fátima Maldonado