Nem as cigarras, nem os flancos 
acesos das searas, 
nem a pensativa cor dos lírios
ou mesmo a bárbara 
luz do sul têm agora 
morada no seu coração; 
como falcão ferido 
a orelha não pára de sangrar; 
sangra de amor, do negro e tresloucado 
e transbordante amor do mundo, 
e desprevenido e magoado.
Eugénio de Andrade

 
