Trago no corpo 
as marcas da vida 
No coração 
Os sonhos abortados 
Na pele as chagas do sofrimento 
  
Meus olhos cegaram 
De tanta dor enxergarem 
Meus ouvidos ensurdeceram 
Com o choro da criança faminta 
Minha boca se calou 
Para não mais clamar minha dor 
  
Mas no âmago do meu ser 
Na minha essência mais profunda 
Guardei a força do querer 
E nem ventos nem marões 
Nem botas nem canhões 
Nem sórdidas tentações 
Minha marcha travarão 
  
Sigo em busca da verdade 
Novos sonhos brotarão 
Novos mundos se abrirão 
Em cada riso de criança acalentada 
Colherei um pedaço de vitória 
E de riso em riso 
De vitória em vitória 
Se vai edificando um mundo melhor!
Filomena Embaló (poetisa guineense)
 

 
