hoje falei de ti
ao mundo todo circular
da tua vontade de encontro
coroada
nos excessivos lados
na morte... nos lagos...
falei dos teus lenços e colares
das planícies... da tua charneca
a abrir em flor
li-te devagar como quando
nos sentávamos os dois a escutar
os poemas de Anto a sua dor...
hoje sorri como tu querias
que sorrisse sempre
quando princesa afloravas
à minha alma
amei amei cansado
amei em beijos lentos
forte era o teu corpo
que entregava
na sede de te merecer...
falava falava para
o mundo te ouvir
em cada abraço morria
e eras tu que renascias
para voltares a morrer
em mim - e era eu!
as palavras devoravam
os beijos e cantava
cantava louco em febre
e tu desaparecias...
despido o meu hábito de monge
vestido de príncipe alado
sobrevoei ribeiros de perfume
de amor e morri
morria morrendo
desmaiado no poente
da alma alcançada
pela entrega gigante
ao amor vivo
Henrique Levy