3.1.11

Na fome do beijo



No outro lado do mundo
tu
inteiramente ávida de prazer.
Gruta virgem esquecida nua
à luz da noite apagada
numa vertiginosa ânsia fria e crua.

Quando ao peito te aperto a sombra
de encontro ao meu esquecida
sinto os meus dedos que agarram o espaço
vazio
do teu corpo irrevelado.

Arrefecem-me os sentidos
porque te sinto eternamente morta
na distância inalcançável
do limite do tempo.

Fora de ti existes tu
e o mundo
e a esplêndida violência do teu cio
por nascer.
O teu regaço, quando quer, destrói o poema
e a luz do beijo inocente e puro
e o hálito
e o perfume da alma no primeiro sorriso.

As estrelas testemunham a minha loucura…
Na carne e no tempo que perdi
as mãos sustêm a fome
e dormem no silêncio da fonte
que lateja de prazer.

Álvaro Giesta