Nestes ermos, ouvindo a voz das fontes,
de humildes alegrias fui pastor;
meus rebanhos guardava com amor,
contemplando os longínquos horizontes…
Árvores maternais, que ergueis as frontes
verde-tristes, num gesto criador,
junto a vós semeei sonhos em flor,
que vestiram de rosas estes montes…
Mas tudo – riso e sonhos – me levaram…
Perdi meu gado, meus jardins secaram,
já neles não há rosas nem alfombras!
Doura a tarde estes ermos de abandono…
E eu passo – folha morta dum Outono,
sombra vaga a errar por entre sombras!
Bernardo de Passos