os olhos de sol
o sorriso de sol
o corpo de sol
percorro-te o corpo de sol
com minhas mãos de água em arco
(rebentaram os diques
e no pomar do itinerário da ave
que interrompeu o voo na seara
imolam-se os lacraus
e com as vísceras imolamos os barcos)
enchi as mãos de gotas de chuva
enchi a boca de selva de mangueiras
enchi os olhos com o silêncio dos teus olhos
eo coração com o teu amor
os moringues estão vazios
os moringues estão vazios
não temos mais marufu
as palmeiras estão secas
na minha armadilha apanhei uma perdiz
uma perdiz
uma perdiz que é para ti
meu amor
uma perdiz que é para o nosso funji
se fores à mulumbila
dá o recado ao dilamba
que me mande missanga
do kussukula
o sol dos teus olhos
o sol do teu sorriso
o sol do teu corpo
gotas de chuva enchendo a terra
fecundando a nossa lavra de milho
enchendo os nossos moringues
Samuel de Sousa
Angola