No meu jardim, num cedro em que a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
poisa, por vezes, um ditoso bando
de alegres rouxinóis, entre a verdura…
Quando ali vou, tristísssimo, à procura
de sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os vir e poisar, ouço-os cantando
no doce idílio duma paz obscura.
E, desditoso, eu lembro com saudade,
último brilho do meu peito ardente,
que assim também, num íntimo vigor,
sobre o flóreo jardim da mocidade,
cantaram na minh’a alma alegremente,
como no cedro, ou rouxinóis do amor…
António Fogaça