não há cores necessárias
mas animais do reino
utilizam cores convenientes.
É velho o mimetismo
sabido de animais sem raciocínio
que atacam uns e outros se defendem
nunca (curiosamente) por a cor ser aquela
ou outra diferente
mas porque se defende ou apetece
a carne submersa em qualquer cor.
Resulta disto o simples corolário
de ser conveniente a certos apetites
usar o mimetismo e abocanhar
em nome duma pele
a pelo e o resto de quem passa perto.
Jogos de luz de pronto se diriam
estes que na luz entretecem
cumplicidades de cores
não fossem os hábitos sombrios
destes predadores.
Tantos mais que se conhece
serem daltónicas as suas fomes
pois notícia não há de que algum
rejeite por almoço
um animal da sua mesma cor.
Diferencia-os o diâmetro das fauces
o grau do apetite é rigorosamente infindo.
E isto os mata
que não há digestões
para fazer o quilo de tais fomes.
Inevitavelmente, os sáurios empaturram
e, de comerem sempre,
ficam duma cor definitiva em todos os mortais.
Leite de Vasconcelos
Moçambique
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