Sinto ainda o cheiro do
sândalo e lembro o aroma vértil no reinício da
vida e a expectativa de
colheitas abundantes.
Lembro também coisas belas
no seio das famílias
humildes plantadas no solo
timorense.
Lembro o Natal herdado,
o café sempre presente,
o arroz, o milho, o búfalo...
Tudo numa harmonia que
escapava à percepção
porque a ecologia é útil,
não é poesia. É sobretudo expressão de viver!
Lembro ainda o Natal sem prendas,
sem fartura...
Lembro um Natal herdado,
certo, um Natal só com um presépio,
a partilha de uma noite ou um dia,
um Menino e doces,
canções pedindo a companhia dos anjos ou
que se repetisse a magia
de Belém.
É que encanto pode vir
tão só de uma noite de
pobreza cantada que de um
minuto preso à esperança
de dias belos!
Crisódio Marcos (poeta timorense)