A minha alma é um círculo de sombra.
Os meus poemas são a pálida mensagem
dum homem melancólico. Se sou poeta,
decerto não o sou do tempo presente.
Escrevo poemas de amor, e os meus poemas
não conduzem os povos à contestação.
Gosto de passear nas ruas a antiga liberdade
que eu sei haver nos poetas que mais amo.
Uma liberdade que não conduz a nada,
uma liberdade que não explica nada.
Leio velhos filósofos de antigamente,
e velhos poetas, mais velhos ainda.
De quando em vez, monólogos em surdina.
A minha alma é um círculo de sombra.
Jorge Viegas
Moçambique
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