Cruel é o camarão tanto se dar ao esforço da comida com
tanta perna a pedalar no limo, a filtrar o céu das águas
Reter em cada sorvo
não mais do que além do que a milésima porção do seu
tão leve corpo,
ainda assim pesado, difícil de suster, e trabalhoso.
Melhor é o leão só carecer do vento que anuncia a caça,
erguer o olhar, aferir o curso da manada, lenta ao seu
encontro e à margem do alcance, explodir a massa
muscular
rasgar a chana a floração avulsa de uma ferida quente.
Para além disso, breve audácia, o leão namora e dorme.
Habita o cio.
Ruy Duarte de Carvalho (Angola)