11.6.10

Agora sou



Agora sou
porto de silêncio que conhece
a rota da madeira,
porta do sotão
e turbilhão de folhas
que, pela cozinha, arrasta o vento.

Agora sou
a casa que conhece
múrmuras colmeias,
unhas do gato prateado,
o desatino matinal dos pássaros
e o amor das janelas pelas nuvens.

Ao perfume da erva
após a chuva
une-se o do café.

Do tempo passado
a decifrarmos juntos paredes
de granito e cal
vem-nos doce a fadiga.
Repousemos.


Flor Campino