De súbito o implorável, a mão está
presa para sempre à luva ou será esta
que sem remédio prende a mão suada?
“não importa” diremos, no entanto, convictos
de trágica importância da luva presa à mão,
da mão rígida, imbecil, fechada,
pronta para o atentado, incapaz de defesa,
da mão imprópria para o cumprimento,
para a carta de amor, para o poema,
da mão de gala, solene e enluvada.
A mão jaz decepada e, no entanto, vestida,
luxuosíssima mão de primeiríssima classe,
mas inútil, quebrada,
enluvada e distinta, na valeta.
António Rebordão Navarro