Quando morrer não envelheço mais.
Vou ficar tal qual sou
Na partida do cais,
Na asa aberta ao derradeiro voo.
Vou, já podre o fruto
Do pomar que eu era.
Não quero luto:
Volto na Primavera.
Irei, então, recomeçar
Uma existência secreta,
Com os olhos no mar
E a saudade no poeta.
E na tragédia do solitário
Que de si próprio se escondia
Tirar-lhe o esqueleto do armário
E libertar-lhe a poesia.
António Manuel Couto Viana