Dá-me a tua mão branca
A que chora com olhos à janela
Aquela que ninguém vê da rua
Beijada pelo sal dos astros
Que diz anjos com os lábios fechados
Na que ninguém semeia os dedos
E deita o rosto cansado
Que existe e é de mar e lua
E que os invisuais vêem nitidamente
Dá-me a tua mão branca
E acredita que também é minha
E deixa-me escutar os deuses nos nódulos
E auroras que outras mãos esmagam
A que dá frutos sem precisar de terra
De beijos lábios e sorrisos
E voemos em asas de adorinhas.
Manuel Feliciano