17.3.11

Canto anónimo


Canto anónimo
de terra e nervos, eis de que sou feito,
porque homem sou, homem simplesmente.
saibam as estrelas o que penso,
seja ou não seja o abismo imenso.
quero elevar a minha voz,
que foi feita para gritar,
quero erguer os meus punhos,
que foram feitos para bater ou perdoar,
quero dirigir os meus pés
pra onde a razão o ordenar.
homem sou, homem simplesmente,
quero para mim a vida, vivê-la inteiramente.
e vós, estrelas, sabei isto que sei:
de terra e nervos, eis de que sou feito.
e seja ou não o abismo imenso.
eu, homem, homem simplesmente,
conquistar-vos-ei…


Antero Abreu
Angola