Que nos trazes a não ser
lágrimas cada vez mais,
natal eterno a nascer
de outros natais…
Ligeira esperança que toca
os nossos olhos molhados
e o sangue da nossa boca,
amordaçados…
Ah bruxuleante luz
acenando ao longe em vão
e que a dor nos reproduz
em ilusão…
Ternura dum breve instante
que o próprio instante desterra,
morta no facto constante
de tanta guerra…
António Salvado