16.12.08


Cai a noite - está frio
e súbito perpassa
por nós um arrepio
a anunciar a graça

de sermos talvez mais
do que simples humanos
decifrando sinais
que não passam de enganos

Cai a noite serena
sobre a nossa agonia
e repete-se a cena
que de novo inicia

uma história de amor
entre os homens e alguém
talvez muito maior
talvez homem também

Cai a noite e eu espreito
o que em silêncio brilha
no escuro do meu peito
no olhar da minha filha

É uma antiga promessa
a que ninguém responde
uma luz que atravessa
este lugar sem onde

Cai a noite indiferente
às imagens do nada
Cai a noite e alguém sente
que já é madrugada

Fernando Pinto do Amaral