O teu sexo na minha boca
é a flor que arde: a sua chama
explode táctil abre ruínas onde antes
cidades se erguiam habitadas.
Não tem medida a forma
com que as pernas
pontas abertas de uma estrela
se atiram no vazio deste quarto.
O teu sexo na minha boca
é um canto. Sonoros seus líquidos
abrem-me na língua um sulco fundo
que traz a luz que espasma na tua boca
noite a querer fechar-se lá por dentro.
Mas nem isso me aquieta
nem a sombra que cai nem esse grito
chegam para calar o meu desvairo.
O teu sexo na minha boca
é o meu sexo: o seu cheiro
acre que inundando
meu corpo o abre a todo o seu espanto.
Bernardo Pinto de Almeida