13.9.10

Hora do exílio


Repara ainda nos seus seios dormidos
que se fazem névoa ao tocar das suas mãos.
Repara ainda nos seus olhos húmidos
que se afastam como o fim duma canção.

Repara nos seus dedos que enlançam
uma última flor de solidão,
no abandono dos seus passos
que passeiam, uma folha caída pelo chão.

Repara no cansaço triste dos seus braços
na ternura dos seus cabelos lassos
no sorriso da sua deserção.

E se a coragem te povoar ainda os sonhos baços
que nunca o teu amor, amor, foi tanto
diz-me então.

Fernando António Almeida