1.9.10

Nas crateras do beijo e do silêncio


Se te pudesse prender a mim
por um dia,
ganhava a esperança e a tua alma.
Ganhava o tempo
e o mosto do vinho novo crepuscular
das crateras do beijo
perdido em explosões de imponderáveis
desejos.

E morreria contigo!
Morreria no espaço do teu corpo
desejado,
No silêncio da palavra no verbo
no verde da giesta e da urze
no campo de trigo.

Subiria os degraus do altar do teu peito
virgem com sabor ao leite
da vida
que cresce em ti como um lacre
como o testamento do teu corpo
fechado no segredo dum cofre.

O fermento do pão o mosto do vinho novo
as maravilhas da noite
o teu sorriso imenso derramado em mim
como um rio…
Os espasmos, os verdadeiros espasmos
do teu corpo vibrante
em segredo…
Morreria contigo!


Álvaro Giesta