7.1.09

Obrigações Poéticas




As pedras agonizam
Nas minhas mãos

Já nada resiste
às poéticas implicaçõe
Que me obrigam a dar vida
Aos objectos mais imprevistos
Que subitamente impressionados
Me cinturam
E me subjugam
E me libertam
As pedras agonizam
Nas minhas mãoes
As pedras agonizam
Nas minhas mãos
As pedras agonizam
Nas minhas mãos
Porque nelas impunemente
Nelas apenas pontificava
Este silêncio inaudível
Mas palpável e dissolvente
Este silêncio amladiçoado
Gerações e geraçõe
De poetas e guerrilheiros
Que me partiram dolorosamente
Na lucidez plena
Deste império de solicitações

Oh as pedras agonizam
Nas minhas mãos
Para ressurgirem
Uma a uma reanimadas
No fluxo dialéctico
Da minha propria inspiração
E assim as domino e comprometo
Assim as devolvo comungadas
À mais poética intimidade

E as pedras oh camaradas

As pedras então se reacendem
Nas mãos de qualquer um


Rui Nogar
Moçambique