As pedras agonizam
Nas minhas mãos
Já nada resiste
às poéticas implicaçõe
Que me obrigam a dar vida
Aos objectos mais imprevistos
Que subitamente impressionados
Me cinturam
E me subjugam
E me libertam
As pedras agonizam
Nas minhas mãoes
As pedras agonizam
Nas minhas mãos
As pedras agonizam
Nas minhas mãos
Porque nelas impunemente
Nelas apenas pontificava
Este silêncio inaudível
Mas palpável e dissolvente
Este silêncio amladiçoado
Gerações e geraçõe
De poetas e guerrilheiros
Que me partiram dolorosamente
Na lucidez plena
Deste império de solicitações
Oh as pedras agonizam
Nas minhas mãos
Para ressurgirem
Uma a uma reanimadas
No fluxo dialéctico
Da minha propria inspiração
E assim as domino e comprometo
Assim as devolvo comungadas
À mais poética intimidade
E as pedras oh camaradas
As pedras então se reacendem
Nas mãos de qualquer um
Rui Nogar
Moçambique
Moçambique