I
A terra onde nascemos
vem de longe
com o tempo
Nossos avós
nasceram
e viveram nesta terra
e como ervas de fina seiva
foram veias em corpo longo
fluído rubro perfume terrestre
Árvores e granitos erguidos
seus braços
abraçaram a terra
no trabalho quotidiano
e esculpindo as pedras férteis
do mundo a começar
em cores iniciaram
o grande desenho da vida
II
E foi também
aqui
que eu e tu nascemos
Terra quente
de sol nascente
Terra verda
de campos plenos
Terra meiga
de colo largo
foi a nós
que se entregou
cheia de vida
e amorosa ânsia
III
Crescemos embalados
no canto do chirico
e brotando assima a planície humana
tão fundo impulso germinou
ondas fecundas de cristal
E quando o vento
vergasta o firmamento
e a espada cai
e rasga os corpos
o horror tinge
a face crua
O nosso amor não treme
Esta é a terra
onde nascemos
seu sofrer
é a nossa dor
e a nuvem fel de agora
é momento doloros
que a chuva há-de secar
IV
Nossa terra é de esperança
aberta ao franco amplexo
Na esteira dos passos dados
vão brilhando círculos livres
e como irmãos mais novos
de um século mais velho
vamos levvando em largas mãoes
a herança dos nosso avós
e com folhas do coração
continuar a obra humana
o grande desenho da vida.
Marcelino dos Santos
Moçambique
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