6.1.09

Aqui nascemos




I

A terra onde nascemos
vem de longe
com o tempo

Nossos avós
nasceram
e viveram nesta terra
e como ervas de fina seiva
foram veias em corpo longo
fluído rubro perfume terrestre

Árvores e granitos erguidos

seus braços
abraçaram a terra
no trabalho quotidiano

e esculpindo as pedras férteis
do mundo a começar
em cores iniciaram
o grande desenho da vida

II

E foi também
aqui
que eu e tu nascemos

Terra quente
de sol nascente

Terra verda
de campos plenos

Terra meiga
de colo largo

foi a nós
que se entregou
cheia de vida
e amorosa ânsia

III

Crescemos embalados
no canto do chirico
e brotando assima a planície humana
tão fundo impulso germinou
ondas fecundas de cristal

E quando o vento
vergasta o firmamento

e a espada cai
e rasga os corpos
o horror tinge
a face crua

O nosso amor não treme

Esta é a terra
onde nascemos

seu sofrer
é a nossa dor

e a nuvem fel de agora
é momento doloros
que a chuva há-de secar

IV

Nossa terra é de esperança
aberta ao franco amplexo

Na esteira dos passos dados
vão brilhando círculos livres

e como irmãos mais novos
de um século mais velho
vamos levvando em largas mãoes
a herança dos nosso avós

e com folhas do coração
continuar a obra humana
o grande desenho da vida.


Marcelino dos Santos
Moçambique