Batucada na noite
Bissau cresce
quando o sol desce
vem com o fio da noite
e só adormece
quando amanhece
O álcool
e o week-end
inflamam corpos
cheios de adornos
Na noite
há insónias
e sónias de muitos nomes
não é só o mote
aqui há funky
há merengada
e antilhesas na madrugada
Lufadas de amor
moldam corpos
suarentos de ardor
há um saracoteio
permanente
na passarelle da noite
sedas flutuantes
coxas remexendo
num sincopado
que dá síncope
O odor
mastiga o ar
sem pudor mistura-se
confunde-se
catinga
chanel
paco rabane
água cheiro
suor
e dior
ça va comme ça…
O old scotch
dá o toque final
É fatal
afinal porque não…
A batucada cresce
abre o espaço
a cidade não dorme.
Tony Tcheca (poeta guineense)