3.5.11

Solidão


Detrás da parede de vidro
vozes
olhares
errâncias.

Bocas pisciformes
soltam bolhas de som
que se cruzam e rebentam
ao burilarem sentidos.

Olhos cúpidos
ou agrestes
rasgam abismos perenes
onde a alma
não consegue caminhar.

Redemoinhos sem norte
transportam nas suas garras
corpos hirtos ou curvados
que se tocam, lado a lado,
e se ignoram
no perpetuo voltear.
É assim, assim será.
Quebrar a parede, para quê?


Maria Isabel Sampaio