16.5.11

Casa


Das casas sobram sempre lamentos,
a languidez do amor nos rios dum lençol, a mão
disforme nos lábios húmidos duma palavra;
das casas restam sempre nomes, vozes

das casas cresce uma alma
que esmaga o tecto minúsculo das mariposas
do Verão; das casas sempre um cheiro de nascer;
das casas sempre o roçar das asas da morte.

Nascer e morrer na mesma casa é privilégio,
sabedoria, ou sublime instante de passagem,
apenas.


Ivo Machado